Olá amigos!
Começo este blog tecendo alguns comentários sobre um maravilhoso disco da década de 70. Quem me conhece, sabe que o rock´n´roll é meu estilo musical preferido. Mas, desta vez, vou falar de samba.
Sinceramente. O músico Paulinho da Viola não é um bom entrevistado. Quando um repórter o aborda com uma pergunta, ele se perde nos "aaaann...", "é...", "então..." e acaba por não falar nada. Mesmo que o assunto seja a sua música. Não que ele não saiba falar das coisas. Mas pessoas assim são o retrato da despreocupação com o tempo. Não têm pressa para produzir ou, no caso dele, compor. Seu segundo ofício é o de marceneiro. Uma atividade que exige do profissional paciência e perfeição. Talvez por isso, sua música seja tão simples e delicada.
Quando escutei o Dança da Solidão tive esta impressão. É um disco simples, que mostra a rotina pobre, amarga, porém feliz de um boêmio carioca. Não ouvimos palavras difíceis em suas letras nem mesmo metáforas dignas de poemas parnasianos. Somente a pura descrição da rotina na Portela, de um sentimento ou de um acontecimento.
Mas sua música pouco ornamentada não deixa de ser intensa e comovente. Na faixa Orgulho, temos:
"Para onde você passa.
Para onde as coisas passam.
Quando o orgulho esmaga as asas.
O tempo é um pássaro de natureza vaga."
Podemos observar que o trecho revela o sofrimento do fim de um amor sem se prender aos rebuscos e exageros poéticos. Aliás, exatamente por isso Paulinho da Viola é um sambista. O samba é simples e ao mesmo tempo rico. Consegue passar a idéia de sentimentos ambíguos. Tristeza e felicidade. A negação da pobreza através da honestidade. As perdas e os novos amores.
O Dança da Solidão é o próprio samba carioca de qualidade se manifestando na melodia suave de um dos seus maiores representantes. É uma ótima opção mesmo para quem não tem o costume de ouvir samba. Fácil de ouvir, divertido e emocionante.
23 de fev. de 2008
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